quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Teleférico de Medellín: exemplo de engenharia de inclusão

Foto: Colombia Travel
Teleférico em Medellín
No início dos anos 90, Medellín, na Colômbia, ostentava o triste título de “cidade mais violenta do mundo”. Abrigava o cartel do traficante Pablo Escobar, era palco de enfrentamentos armados entre forças do governo e paramilitares e apresentava baixíssimos índices de desenvolvimento humano. A taxa de homicídios era de 381 para cada 100 mil habitantes (para se ter ideia, a média mundial é de três assassinatos em cada grupo de 100 mil pessoas). Capital do Estado de Antioquia, no noroeste do país, Medellín era considerada por muita gente um caso perdido.
Mas a situação mudou desde que o governo local decidiu pôr em prática um plano que reúne repressão à violência e integração a partir de reformas urbanas. Encravada num vale na Cordilheira dos Andes, a cidade é dividida por natureza. E, assim como acontece em muitas metrópoles brasileiras, a topografia contribuiu para aprofundar abismos sociais. No alto das montanhas, a população pobre, nas áreas mais baixas, as classes média e alta. Em 2006, um projeto de arquitetura e urbanismo mudou essa realidade de cidade partida. A distância física que reafirmava o preconceito e o afastamento foi posta abaixo graças a um teleférico.
Conhecido como metrocable, a ousada obra de infraestrutura revolucionou o modo de vida local. Antes, muitos habitantes das favelas localizadas no alto das montanhas usavam o termo “descer até Medellín”, evidenciando uma espécie de ruptura, como se eles vivessem fora da cidade. Os obstáculos para integração eram tantos que esta percepção fazia sentido. Para chegar ao centro, os moradores dos morros precisavam caminhar por quase uma hora.
Agora, graças ao metrocable, a viagem leva menos de dez minutos. O sistema percorre cerca de nove quilômetros, e apenas um bilhete permite atravessar toda Medellín. Em cada bondinho (similar ao do Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro) viajam seis passageiros sentados. O equipamento conecta a última estação de metrô no asfalto ao alto do morro e tem capacidade de transportar 40 mil pessoas.
 A construção do teleférico aproximou comunidades que antes eram rivais e foi acompanhada também de outras melhorias: praças, colégios, parques e bibliotecas públicas passaram a fazer parte da paisagem. As favelas – antes isoladas do resto da cidade – se transformaram em áreas movimentadas visitadas por moradores e turistas. O abandono e o caos deram lugar à arquitetura de vanguarda. Foram construídos 800 mil metros quadrados de espaços públicos.
Teleférico no morro do alemão
Não por acaso, o projeto do metrocable serviu de inspiração para a construção do teleférico do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. Tomara que, por aqui, a obra também se transforme em sucesso de integração urbana e social.
O vídeo abaixo dá uma ideia bacana sobre o funcionamento dos bondinhos de Medellín:

fonte http://www.respostassustentaveis.com.br/

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